sábado, 7 de abril de 2007

Capítulo V – Aurora de um Enevoado Crepúsculo

Conforme o som daquele nome se perde entre a cacofonia que toma conta daquele bem construído forte, na periferia de uma das inúmeras florestas que compõem a Terra dos Vales, a tempestade volta a ganhar força e fúria, retomando o impiedoso castigo que assola a todos que se encontram nos numerosos combates de vida e morte que tomam conta das atenções daqueles que lá estão.

Inesperadamente, o céu volta a escurecer e mais uma vez, a noite parece deitar-se precocemente sobre esse local. O vento volta a assobiar, frio e úmido, encobrindo todos os sons que até pouco tempo atrás preenchiam o ar. Chega a ser inebriante o odor de terra molhada que se espalha por toda a fortificação. Relâmpagos e mais relâmpagos, acompanhados dos mais assustadores trovões que a maioria dos guerreiros ali presentes jamais presenciou, descem das nuvens negras, grossas e pesadas como chicotes celestiais em busca das almas menos virtuosas.

O elfo negro não consegue evitar abrir um novo sorriso.

Como que paralisado pela visão de algum maldito tipo de espectro fantasmagórico, o andarilho, agora nomeado em alto e bom som – Kiren – leva alguns segundos até recuperar a concentração no processo curativo que estava realizando, tempo mais do que suficiente para que o elfo negro, com seu braço direito estendido ao lado do corpo, seu antebraço compondo com ele um arco de aproximadamente noventa graus, e a palma da mão direita voltada para o chão, aponte seus cinco e incisivos dedos bem abertos na direção do enfermo que Kiren tencionava ajudar. Um relâmpago ilumina os três seres.

Antes que o andarilho pudesse sequer utilizar-se de seus aguçados reflexos, o elfo negro, dizendo rápidas palavras mágicas, faz com que cinco setas de energia se desprendam de seus dedos e atinjam o convalescente, o qual Kiren mantinha em seus braços enquanto se preparava para solicitar à sua deusa que ele fosse curado.

Tudo que Kiren consegue fazer nesse momento é virar seu rosto na direção do bastante ferido abdômen daquele guerreiro e vê-lo, em menos de um segundo, ser coberto por uma intensa luz arroxeada, que faz o andarilho apertar seus olhos, ouvindo-o, um instante depois, ser explodido por completo devido à magia executada por aquele elfo negro.

Os olhos do andarilho se abrem rapidamente e fitam diretamente o rosto daquele que Kiren tentava socorrer. Seus olhos arregalados, sua boca contorcida e seu grito de dor juntar-se-ão a diversos outros e nunca mais sairão da memória do andarilho.

Assim, conforme os olhos do homem perdem o foco e a vida se esvai do corpo daquele valoroso arqueiro, que nada mais queria além de preservar sua vida, se esvai também toda a piedade que, de alguma maneira metafísica, Kiren poderia sentir por aquele ser obscuro.

Com a face coberta de chuva e do sangue que se espalhou por todo seu entorno após esse horrível evento, Kiren inspira rápida e furiosamente, emitindo um alto e raivoso brado que, reforçado por um dos inúmeros trovões que ecoam por esse local, reverbera por todo o forte. De sua boca apenas uma palavra ganha o mundo:

- DOOORÜÜÜN !

Um arrepio, como uma descarga elétrica, percorre a espinha do elfo negro, agora devidamente identificado – Dorün. Nem mesmo ele, acostumado a conviver com os mais cruéis e desalmados seres do submundo deixou de se surpreender com a ira demonstrada por Kiren em sua face e seu grito.

Um relâmpago cai. Sua extrema luminosidade a tudo encobre, deixando visíveis apenas duas silhuetas.

Kiren deixa no solo o corpo do arqueiro, agarrando, no mesmo instante, seu cajado, o qual descansava logo à frente de seus joelhos. Paralelamente, o andarilho começa a se levantar em altíssima velocidade, com toda a fúria que há nesse momento em seu coração. Seus olhos são dois azulados canhões de ira, seus dentes estão cerrados, seu nariz se abre e suas orelhas se projetam para trás. Nunca Dorün imaginou que um dia teria o prazer de ver esse andarilho dessa maneira.

Exatamente no mesmo momento, Dorün, espada longa em punho, é banhado por uma onda de prazer e felicidade, ambos completamente expressos em sua tenebrosa face. Finalmente daria um fim a esse antigo problema. De uma vez por todas.

Um comentário:

The Prince. disse...

*Ana pensando*

Dois nomes...abalam...

...seria um passado (ou um nome) que, quando você escuta, te abala? Algo que te deixa magoado ou sei lá?

Eu sinto que estou indo pelo caminho errado...XDD

Mas, tudo bem...

Como diz o meu querido Henrybat:"tudo valhe a pena se a alma não é pequena".

XDDDDDDDDD

Ok, isso foi muito ruim...mas é porque eu estou no chat com você e o pessoal...

Kisses!